Em 2020 o coronavírus transformou nossas vidas colocando o mundo em quarentena, gerando efeitos adversos nos relacionamentos, nas rotinas e na indústria, ou seja, em todos os setores. Na moda a situação não é diferente, o consumo em grande parte foi freado para dar lugar ao essencial, e a pergunta atual é: qual será o destino da moda para 2021?
Imagem ilustrativa. Fonte: Pixabay (Imagem de Free-Photos por Pixabay)
Nos dias atuais, o consumo é incentivado a todo momento. Está em anúncios no youtube, nos stories e publipost, outdoors, elevadore etc. Jeff Rodrigues, 26 anos, atuante no ramo varejista, comenta que existem bases que levam as pessoas ao consumo consciente, mas ao mesmo tempo existe um desespero em manter a política do consumo. “Vivemos na era do capitalismo e essa crise sanitária trouxe um colapso a esse sistema. Dos meses que começaram a flexibilizar quarentena, até hoje, observamos as lojas tentando vender desenfreadamente tudo que ficou parado todos esses meses”, afirma.
O empreendedor levanta a hipótese de que as lojas estão investindo e impulsionando no que já foi feito e não foi vendido no decorrer desse ano, sem novos lançamentos, com o intuito de fazer o capital girar sem fazer novos gastos. “Acredito que no próximo ano, quando as coisas estiverem melhores no sentido econômico, estarão em alta estampas feitas ou matéria prima comprada ainda esse ano. Tudo vai depender de como serão as vendas de fim de ano, que sempre são muito aguardadas pelo setor do comércio, sem esquecer que durante o período de isolamento as compras feitas por sites e aplicativos bateram recorde de vendas”, comenta.
Segundo Jeff, uma das maiores mudanças que essa pandemia trouxe foi o alavancamento das vendas pela internet. “A venda pela internet atravessa as barreiras do dia e da hora, sendo possível comprar em qualquer dia e hora de forma prática por meio de aplicativos que estimulam a todo momento a comprar mais e mais com várias notificações, promoções, cashback e um catálogo infinito. Na minha visão compras online é o futuro, já era algo que era comum entre nós, mas com certeza a pandemia acelerou ainda mais esse processo”, conclui.
O stylist e fundador da empresa Kriatize For You, Levi Arruda, 29 anos, explica que sempre após uma crise histórica a moda apresenta mudanças significativas em sua história. “Se observarmos a Primeira Guerra Mundial, veremos que um dos efeitos pós guerra foi a mudança na moda, seja por falta de matéria prima que fez roupas ficarem mais leves e os chapéus encolheram, ou pela necessidade de priorizar o conforto e praticidade. É comum pensar que a pensar os efeitos dessa pandemia comparando com uma guerra já que ambas possuem escala global e impacto econômico semelhante”, disse.
Levi acredita que em 2021 as marcas irão fazer peças mais acessíveis e confortáveis, com inclusão e propósito. “Acredito também que o slow fashion vá crescer muito, já vivemos a muito tempo no fast fashion onde compramos muito e a mão de obra é super explorada. Essa nova proposta vai trazer o hand made ou feito a mão para a sua ascensão, principalmente se estiver interligado com o propósito de não agredir o meio ambiente. A proposta de marcas nativas que fazem a mão tecidos mais leves, fluidos, naturais vão ter um valor muito maior”, ressalta.
Para finalizar, o estilista reforça que a exclusividade dará espaço para a inclusão em 2021. “Exclusividade é uma palavra do passado na moda, a palavra correta seria inclusão. Claro que ainda irá existir uma estampa exclusiva ou um tecido exclusivo, mas sempre tentando manter um propósito de inclusão, seja um padrão de cor ou uma modelagem, por exemplo. Se o propósito não for verdadeiro a marca vai ficando para atrás e vai perder o sentido, as pessoas buscam viver a marca em si, elas precisam acreditar no que a marca acredita. Acredito que essa visão egocêntrica de exclusividade é datada e ficou para trás com esse novo normal que estamos vivendo”, conclui Levi.
Por Wesley Levi
